CONTÉM SPOILERS
Romance que inicia a série Outlander, publicado pela primeira
vez em 1991, A viajante do tempo,
como ficou conhecido no Brasil, introduz o leitor à Escócia do séc. XVIII, à
revolução jacobita de 1745 e a uma história de amor que tinha tudo para ser
proibida. Em um período em que ódio pairava entre ingleses e escoceses, como um
poderia se apaixonar pelo outro? Mas se Montecchio e Capuleto conseguiram
encontrar amor entre si, como então duas nações rivais não poderiam encontrar
sua própria representação de Romeu e Julieta?
Imagine que você ao realizar uma viagem como segunda
lua de mel com seu marido acabasse sendo transportada duzentos anos no passado.
O primeiro pensamento depois que você percebesse a realidade daquilo tudo seria
voltar para seu tempo e sua família, certo? Mas e se você findasse por conhecer
alguém que lhe despertasse sentimentos desconhecidos e inexplicáveis, fazendo a
duvidar de si mesma e daquilo que havia despertado em seu coração? Esse é o desafio da protagonista Claire. Ao
reencontrar seu marido Frank, após seis anos separados durante a segunda guerra
mundial, eles decidem ir à Escócia com o intuito de se conhecerem novamente.
Ambos ingleses, Frank era um historiador, que servira no MI-6 durante a segunda
guerra, e Claire uma enfermeira de combate.
Em um passeio pelas Highlands escocesas, Claire entra em um
círculo de pedras que a transporta para o ano de 1743, onde ela conhece não
apenas os membros do clã Mackenzie, mas como um ancestral do seu primeiro
marido, o qual é um soldado do Exército britânico chamado Jack Randall. Uma moça
inglesa naquela região e vestida em trajes tão peculiares como ela causa
curiosidade ao chefe do clã, que não permite sua partida. De tal forma, ela
vira propriedade do clã Mackenzie, e quando Jack Randall aparece com a intenção
de mantê-la em sua custódia (com fins nenhum pouco cavalheirescos) a única solução
era casar-se com um escocês: Jamie Fraser. A última coisa que Claire esperava
era, uma vez já sendo casada, se apaixonar perdidamente por seu novo marido do
século XVIII. Mas seu novo amor seria suficiente para mantê-la nesse tempo e
enfrentar todas as provações que viriam com a obsessão do capitão Randall e a
guerra iminente? E o mais importante: Claire seria capaz de sobreviver a um
século em que mulheres praticantes da medicina eram comumente conhecidas como
bruxas e queimadas vivas? Para fugir da prisão e da perseguição, Jamie e Claire
concluem essa parte da aventura na França com a promessa de começar
uma nova família.
Diana Gabaldon é uma autora dos Estados Unidos, que resolveu começar
a escrever um romance como prática. Disso resultaram os oito livros da série
Outlander publicados, mais um sendo escrito, a promessa de um décimo para
conclusão, além de outras tantas novelas e contos, que as tem tornado
referência tanto como autora de romances históricos, como na esfera de ficção
científica.
A autora escreveu em The Outlandish Companion v.1 que a escolha de fazer Claire uma enfermeira da
segunda guerra mundial foi algo consciente. Uma personagem com conhecimentos médicos
seria algo útil naquela época, mas alguém do século XXI provavelmente seria
incapaz de se adaptar não apenas as situações precárias da medicina rudimentar
daquele período, como também à ausência de determinadas tecnologias como os
aparelhos de raio x ou de tomografia. Ademais, na época da segunda grande
guerra já havia sido descoberto algo de extrema importância: os antibióticos. O
fato de Claire ter participado de uma guerra fez com que ela fosse acostumada às
situações extremas. A decisão que a personagem seria uma enfermeira veio da
ideia que, inicialmente, Gabaldon não teria os conhecimentos acerca da medicina
necessários para a criação de uma médica, além de não ter tempo para realizar
pesquisas mais complexas.
Capa especial com elenco principal da série de TV.
Um destaque que a autora faz neste mesmo compêndio é que os
livros da série tendem a cada um ter formatos diferentes de história. Se você já
leu A viajante do tempo vai conseguir
encontrar os três clímax: a escolha de Claire no círculo de pedras, o resgate
de Jamie por Claire da prisão de Wentworth e a cura da alma de Jamie por sua
esposa no monastério. Portanto, o formato desse primeiro livro é o de um
triângulo.
Capa da primeira edição brasileira, Editora Rocco.
Outro destaque que pode ser feito é sobre o tema do livro.
Gabaldon comenta neste compêndio que cada romance tem um tema e acho que
facilmente é possível perceber que a composição desse livro é sobre amor. Inicia-se
o livro com o frágil amor entre Claire e Frank, o qual eles estão tentando reestruturá-lo,
mas que não vai conseguir sobreviver ao aparecimento de Jamie Fraser. Tem-se o
amor unilateral de Jamie por Claire, que se apaixona por ela muito antes da
reciprocidade para que depois o amor de Claire possa surgir. Temos o amor puro dos
irmãos: o relacionamento entre Jamie e Jenny é algo lindo de se ver, onde por
mais que haja brigas, um sempre está disposto a se sacrificar pelo outro. Temos
a versão de amor não tão convencional entre irmãos: como Colum e Dougal, tios
de Jamie; e Jack e Alex Randall. Ambos casos de amores fraternos que levaram à
abnegação pela felicidade do outro. Tem-se o amor paterno que é possível ver em
Murtagh por seu afilhado Jamie, que é o resultado de um outro amor, este eterno,
inquebrável e inexplicável que sobreviveu à morte, sentimento que Murtagh
carrega em relação à mãe de Jamie.
Marcando o início dessa saga que já dura mais de duas
décadas, A viajante do tempo não é apenas uma jornada entre séculos, mas entre
os diferentes amores que cercam a nossa vida: amor paixão, amor fraterno, amor
paterno, amor eterno, divino e inabalável, ou parafraseando Pablo Neruda, um
amor que não se sabe quando, nem como, nem onde, sem problemas e sem orgulho
porque não se conhece outra forma de amar.
Por Tuísa Sampaio
Por Tuísa Sampaio
Referências:
GABALDON,
Diana. Outlander: A viajante do tempo. Rio de Janeiro: Saída de
Emergência, 2014. 799 p. (Outlander).
GABALDON, Diana. The Outlandish
Companion. 2.
ed. New York: Delacorte Press, 2015.V.1.
NERUDA, Pablo. Soneto XVII. In:
NERUDA, Pablo. Cem
sonetos de amor. Rio de Janeiro: L&PM Pocket, 2011. p. 25-25. (Coleção
L± Pocket).
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