Episódio 1- Through a glass, darkly (Através do espelho, às escuras- Tradução da edição brasileira feita por Geni Hirata)
O primeiro episódio da segunda temporada pelo próprio título em si remonta a primeira parte de A Libélula no Âmbar (apesar de uma mínima diferença, que não afeta absolutamente seu significado- o título da parte um é Through a looking glass, darkly). Entretanto o seu início não é igual ao da parte que lhe nomeia em A Libélula, que se inicia na visita de Claire e sua filha Brianna ao jovem historiador Roger Wakefield em 1968, mas sim foi uma coletânea dos flashbacks de Claire em relação a Frank presentes no terceiro livro da série, O Resgate no Mar.
Pelo título do episódio cria-se a falsa ideia de que ele cobriria os seis primeiros capítulos do livro dois, os quais formam a parte um. Os primeiros trinta e oito minutos do episódio cobrem, na verdade, o flashback presente no capítulo três e informações do capítulo dezenove de O Resgate com algumas modificações. As principais diferenças (para mostrar todas esse artigo viraria uma dissertação de mestrado) seriam:
- O corte na forma de J e de C: no hospital, Claire menciona o corte que Jamie havia feito em sua mão ao seu pedido como uma forma de ela lembrar em sua carne o amor que eles viveram. Essa parte pelo menos nesse episódio foi completamente negligenciada e nos deparamos com uma Claire desesperada procurando um anel sem pedra, o que causou uma enorme dúvida nos fãs de que anel seria esse. Seria possivelmente ser o anel de rubi do pai de Jamie esquecido pela produção na primeira temporada? Assim, eles teriam descoberto já o poder de proteção das pedras preciosas nas viagens no tempo? A dúvida continua e só vamos descobrir que significado tem aquele anel mais na frente. Mas confesso que fico triste cada vez que a produção retira esses pequenos sinais do amor de Jamie e Claire. A tal marca é lembrada sempre através dos livros e não vejo motivo para ela ser retirada.
- Os médicos informam a Frank logo que ele chega ao Hospital que Claire estava grávida (isso ainda é a primeira coisa que ela lhe conta) e que pelo seu estado mental deveria ter sido resultado de um estupro. No episódio adaptado para TV, Claire conta isso a Frank quando já estão na residência do Reverendo Wakefield e podemos ver o seu lado BJR. Acredito que a cena tenha sido feita dessa forma já que Tobias Menzies na Comic Con de 2014 (e em entrevistas seguintes) havia informado que na construção do personagem ele e Ron estavam interessados tanto no que Frank e BJR se diferenciavam como no que se assemelhavam. Provavelmente veremos mais cenas desse porte.
- O anel de casamento: essa foi uma das mudanças que mais me perturbou. No Resgate quando Claire reencontra Jamie ela se orgulha de dizer que nunca havia retirado o anel. No terceiro livro, em suas lembranças que foram adaptadas neste episódio, Frank tenta retirar sua aliança de prata e ela não deixa. No episódio, como forma de mostrar que vai aceitar o trato com Frank e esquecer o passado ela tenta retirar o anel. Por quê? Essa cena foi cruel. Despedaçou meu coração. Não existia motivo algum para ela tirar o anel a fim de agradar Frank, quando ela nunca retirou a aliança do casamento com Frank para agradar Jamie. Essa não é Claire. O uso das duas alianças é uma grande marca do seu respeito e devoção com ambos, assim como foi uma grande cena do episódio sete (primeira temporada), quando ela se vê pela primeira vez casada com dois homens. Quando ela está com um deles, sua fidelidade e respeito aos votos em relação ao outro é marcada pela presença da aliança dele.
- A esterilidade de Frank: em O Resgate no Mar, a esterilidade de Frank é confirmada em uma lembrança de Claire, em um de seus flashbacks, dezoito anos após o seu retorno ao século XX (capítulo dezenove). No capítulo três, Claire menciona isso a Roger dizendo que não sabia se naquela época Frank já tinha certeza de sua infertilidade ou apenas suspeitava. No episódio, os telespectadores já tem o conhecimento dessa informação pela conversa que Frank tem com o Reverendo. Apesar do Frank da TV provocar bem mais empatia que o Frank dos livros, a série da Starz deixa a entender algo que muitos fãs já desconfiavam: teria Frank continuado com Claire grávida porque sabia que não poderia ter filhos? Na lembrança de Claire, Frank explica que não a abandonou primeiro porque seria coisa de canalha abandonar uma mulher grávida e depois por ele ter se apaixonado por Bree. Uma coisa percebe-se: a esterilidade com certeza contou pontos na decisão.
- A ida a Boston: em O Resgate no Mar, Claire informa a Roger (capítulo três), em 1968, que Frank havia resolvido aceitar o emprego em Harvard e levá-la a Boston dando a entender que o motivo era tanto levá-la o mais longe possível do pai da criança, caso ele ainda estivesse vivo assim como iniciar uma vida em um local onde não houvesse riscos de alguém imaginar que a criança não era dele. Bem, no episódio, Frank chama Claire para ir a Boston como recomeço e uma forma de afastá-la dos repórteres e imagina-se que também protegeria o segredo da paternidade. O tal segredo aparece no capítulo cinco de A Líbelula, quando Claire conta a Bree que Frank a havia feito prometer que enquanto ele vivesse, a filha não poderia saber que ele não a havia gerado (finalmente um pedaço que estava realmente incluído na primeira parte do livro dois).
Assim, chega-se a Le Havre, França, 1744, o que representa a segunda parte do livro dois. Agora um milhão de mudanças na primeira temporada devido ao fato de Jamie não ter se curado em um mosteiro na França como no final do primeiro livro, mas em um mosteiro na Escócia. De tal maneira, este pedaço do episódio inicia-se com Claire e Jamie chegando a Le Havre, quando em A Libélula (agora vamos tratar do livro dois) Jamie e Claire já estão em uma hospedaria e Claire enfrenta seus enjoos matinais. O que me chateou na retirada desta cena foi não ver a cara de Jamie com as suas recusas em fazer amor com Claire para não machucar o bebê, não vê-lo durante o ato em si afirmando que poderia quebrar, não vê Claire perguntando se ele estava feliz com o bebê e ele dizendo que estava orgulhoso como um garanhão e que seu coração se partia com o amor por ela. E assim meu coração se parte com o que os produtores querem transformar esse casal. Parece que há uma insistência em diminuir as cenas que mostram as essências dos personagens para torna-la mais apelativa a um público mais diverso, e não apenas ao fandom que já estava formado.
No segundo livro (capítulo seis, parte dois ainda), o primeiro encontro com Jared, o primo comerciante de vinhos de Jamie, é feito na ausência de Claire o que leva a um Jamie bêbado e com tesão retornando para sua esposa e fazendo amor com ela, enquanto dizia que a amava. Nele Jamie avisa que o próximo encontro Claire vai acompanha-lo e é quando ocorre a cena com o Conde, bem parecida como ocorreu no episódio. Entretanto no livro é informado que o conde é um concorrente de Jared e este vai a procura de garantir a segurança de Claire e Jamie após as ameaças do rival.
Por fim, uma tristeza desse episódio para mim foi cortarem a cena em que Jamie alisava a barriga de Claire que apareceu em uma das promos. Sem ela, parecia que Jamie nem lembrava da existência da criança. Jamie e Claire não são um casal grudento, mas são muito mais apaixonados do que a série deixa aparecer.
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